Cassação Histórica

Sione Porto

O dia 11 de julho de 2012 vai ficar para sempre na história do Brasil, quando o  Senado Federal, atendeu aos ditames do seu regimento interno e das leis que regem seu provimento, sem olvidar as aspirações do povo brasileiro, cassando o senador da República Demóstenes Torres, do Partido Democratas e procurador do Ministério Público do estado de Goiás, nascido em Anicuns, município do interior goiano, por 56 votos a favor, apenas 19 contra, e 5 abstenções,  devido à relação com  “máfia dos caça-níqueis”.

Torres foi descoberto numa relação direta com o contraventor Carlinhos Cachoeira, em que foram flagradas, pela Polícia Federal, 298 ligações telefônicas, corrupção, enriquecimento ilícito, quebra de decoro parlamentar e favorecimento à empresa Delta, acreditando a Procuradoria do Ministério Público Federal que o ex-senador seja sócio oculto, o qual ficará inelegível ate 2027, denúncia apresentada em todo território nacional, através da mídia, em março de 2012.

Essa proclamação histórica, de veredicto dos mais esperado, refletiu em cada semblante de velhos, adultos e jovens brasileiro, que, enfim, a prática de corrupção e de escândalos foi punida e o vale-tudo dos políticos inescrupulosos não teve um final em pizza, como ocorria ao longo dos anos.

Magnânimo, o Senado da República não se curvou a pressão dos advogados de defesa e suas brilhantes teses. Estamos perto da carta de alforria para libertarmos das excrescências do cabresto em que vive o povo brasileiro, escravo da impunidade e da venda  que cobre os olhos dos seus  julgadores. Hoje, nossos filhos, nossos netos sentirão orgulho do Senado Federal que cumpriu com sua missão de lisura e ética, dando exemplo de novos rumos de governo e respeito aos eleitores brasileiros.

Em resumo, os senadores mostraram que são capazes de julgar corretamente e acreditar que os fins não justificam os meios sujos, que a corrupção e o enriquecimento ilícito, carregando dinheiro nas cuecas, são crimes, humilham o trabalhador que ganha a vida com o suor do seu rosto.

Difícil era acreditar na segunda cassação de um senador (o primeiro foi Luis Estevão). Imaginávamos que haveria mais uma armadilha para mantê-lo no poder, como alguns corregilionários queriam. Excelente a reflexão dos senhores senadores, que a opinião pública, sobretudo por meio das redes sociais, iria cobrar muito alto, caso não agissem com consciência, dignidade e respeito ao povo brasileiro. Fica o bom exemplo para o mundo, que não nos ignora, que o país não é mais aquele descrito na obra Brasil:500 Anos de Corrupção, do ilustre criminalista Sergio Habib, publicada pela Editora SAFE.

É gratificante saber que existem políticos criteriosos, que dedicam a vida pública sem fisiologismo, mantendo suas fichas limpas. Espera-se que o Senado Federal continue exercendo sua jornada em defesa da ética, a favor da Democracia, que é o papel do Parlamento.

Delegada de Polícia, graduada em Direito, com especialização em Direito Penal e Processual Penal, é membro da Academia de Letras de Itabuna (ALITA).